sexta-feira, 21 de maio de 2010
Efeito da eletronegatividade em compostos orgânicos
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Utilizando MOPAC - Benzeno
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Adições eletrofílicas
Foleando as páginas do livro de química orgânica do Solomons, deparei-me com as reações de adição eletrofílicas em hidrocarbonetos saturados. Este é um tópico relativamente básico tratando-se de síntese orgânica, e achei interessante fazer algumas especulação estruturais do que acontece. Haletos de hidrogênio tal como o cloreto de hidrogênio (HCl) adicionam-se a alquenos dando haleto de alquila em hidro-halogenação. Consideremos o mais simples dos casos, a reação de HCl com etileno que produz cloroetano1.
Reação de adição eletrofílica.
A reação ocorre em duas etapas, a primeira consiste no ataque da espécie positiva (ácido) à insaturação resultando em um intermediário contendo carga positiva, conhecido com carbocátion. Na segunda etapa, a espécie contendo carga negativa (base) ataca o carbono que predominantemente retem carga positiva completando a reação.
A primeira questão é, por que o proton ataca a insaturação e gera a espécie carbocátion ? Bem, a química de carbocátions é estudada desde final do século XIX, e é interessante como os químicos orgânicos da época, com teorias ainda tão rudimentares, apresentaram explicações bastante sofisticadas para esse problema. A lógica é relativamente simples, os átomos de carbono do eteno compartilham 2 pares de elétrons (ligação simples e dupla). Logo esta é uma região rica em carga negativa, o que confere um caráter de basicidade.
Para comprovar tal hipótese, calculei a densidade carga na molécula de eteno e a partir desta, um mapa de suscetibilidades de ataque eletrofílico, e um mapa de potencial eletrotático de superfície. Para isso utilizei o programa MOPAC/PM3 – dentro das plataformas Ghemical e Gabedit.
(a) (b) (c)
Para os dois mapas as conclusões (assim como esperado) são redundantes, o ataque por parte da espécie positiva, se da na região da insaturação. Lembrando também que esta dupla ligação é um representação do HOMO (high occupied molecular orbital) na molécula de eteno e que esta diretamente ligado a reatividade desta região.
Orbitais de fronteira (HOMO) da molecula de eteno.
Outra questão interessante é sobre as características do intermediários formados. Uma vez que os carbocátions são espécies muito reativas e portanto de vida curta, de forma que não podem ordinariamente isolados e caracterizados. Utilizando os mesmo métodos semi empíricos anteriores fiz a modelagem do carbocátion gerado.
Por fim, o produto da reação é cloreto de etila. Note que a distância de ligação entre carbono e cloro é claramente maior do que carbono e hidrogênio ( da ordem de 0,8 Å maior), o que já era esperávamos que são átomos bem diferentes. Outra consequência é que agora temos uma composto com polaridade, onde o momento dipolo é de 8.7d ( a água, calculada com o mesmo método tem 17,5d).
(a)
(c)
(a) Molécula de cloreto de etila na representação ball stick, a seta em azul representa o vetor momento dipolo, (b) Mapa de suscetibilidade de ataque eletrofílico, (c) Representação com cutoff de 99% do volume Orbital de fronteira (HOMO).
O mapa de suscetibilidade de ataque eletrofílico aponto o cloro como principal
[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/Eletr%C3%B3filo
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Aprendendo um pouco mais sobre química orgânica estrutural usando Avogadro.
O software Avogadro, que é uma das minhas dicas do tópico “início”, é uma ferramenta bastante útil em disciplinas como química orgânica. Vou começar tratando de um caso simples, que será desenhar e minimizar a estrutura do n-butano ou simplesmente butano.
Vamos começar desenhando a molecula sem nenhum conhecimento prévio de química orgânica.
Modelo inicial
Não precisamos de muito conhecimento em química pra concluir que essa configuração para a molécula de butano esta errada. Mas por quê?
Em primeiro lugar os comprimentos de ligação C-C claramente diferem estupidamente uns dos outros, o que não deveria ser observado para uma estrutura desse tipo. Sabemos também, que por fazer apenas ligações simples (tipo sigma), os átomos de carbono deveriam apresentar geometria tetraédrica, idealmente, e não é o que observamos em tal estrutura.
Dentro do Avogadro, existe uma opção : Extensions> Optimize Geometry – para isso vou utilizar os parâmetros do campo de força MMFF94 (Merck Molecular Force Field 94), que é um “campo de força clássico”, onde os átomos e suas ligações químicas são tratados como sistemas do tipo massa mola.
Modelo com geometria optimizada.
A minimização usando o campo MMFF94 proporciona um modelo bastante razoável, Os comprimentos de ligação carbono-carbono estão da ordem de 1.5 Å, e ligações carbono-hidrogênio da ordem de 1.0 Å. Se olharmos agora para os ângulos de ligação dos átomos de carbono, encontraremos todos próximos de 109o.
Embora nosso o modelo seja bastante razoável do ponte de vista de comprimento de ligações e geometria dos átomos, se rotacionarmos o modelo e olharmos ao longo da ligação simples entre os átomos 2 e 6, veremos que a molécula esta na conformação gauche. O cáculo da energia para esta conformação segundo pro programa foi de -4,292 kcal/mol.
Configuração gouche obtida no processo de minização de energia para a molecula de butano usando MMFF94
Consultando o livro de Química Orgânica sétima edição - Graham Solomons e Craig Fryhle, a conformação de menor energia, e portanto a mais provável, é a conformação do tipo “Anti”. Sendo assim rotacionei a ligação entre os átomos 2 e 6, de forma que a molécula ficasse próxima a conformação do tipo “Anti” e em seguida apliquei novamente o procedimento de minimização de energia.
Onde a energia calculada pelo programa para esta conformação é de -5,076 kcal/mol. E portanto a diferença de energia entre as duas conformações, |ΔE| = |(Eanti - Egauche)| = 0,783 kcal/mol. Sendo o valor de referência 0.927 kcal/mol.
Mas por que que quando minimizamos a energia primeiramente não chegamos à conformação de menor energia?
A resposta é razoavelmente simples, basta olharmos para o gráfico de energia em função das possíveis configurações que o butano pode assumir.
Note que os máximos de energia são obtidos quando os átomos estão na forma eclipsada. Sendo que podemos observar para o gráfico três mínimos de energia, dois mínimos locais para as configurações gouche, e um mínimo global para a configuração anti. O processo de minimização como adotamos aqui, converge pra a região de minima energia mais próxima, sendo ela um mínimo local ou mínimo global.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Início
Okay, lá vai minha primeira (e espero que de muitas) postagem.
Começo com uma dica, para os estudantes/entusiastas das ciências químicas. Atualmente é possível ter acesso gratuitamente (nada de pirataria) a excelentes softwares, tanto visualizadores como programas que realizam cálculos robustos como minimização de geometria, cálculos de potenciais eletrostáticos etc... Para este blog utilizarei apenas softwares livres ou livres para fins acadêmicos, grande parte deles estão disponíveis nos repositórios do Ubuntu/Debian.
Na página: http://www.redbrick.dcu.ie/~noel/linux4chemistry/ você vai encontrar um lista quase interminável de softwares disponíveis (lembrando que muitos deles você também vai encontrar para windows, caso não utilize linux).
Minha lista de sugeridos para os novatos é:
Gabedit – é outra plataforma que visualiza, edita estruturas e faz interface com vários programas para calculos ab inicio e semi-empíricos. É opensource e também pode ser encontrado nos repositórios do Ubuntu.
http://gabedit.sourceforge.net/
Avogadro – é um visualizador bastante elegante, com uma série de recursos, e faz interface com firefly e MOPAC. É opensource e pode ser encontrado nos repositórios do Ubuntu/Debian.
http://avogadro.openmolecules.net/wiki/Main_Page
MOPAC2009 – para cálculos quânticos semi-empíricos, este software é livre para uso acadêmico e fácil de ser obtido. Não possui interface gráfica própria.
Firefly (antigo PC GAMESS) - pra cálculos quânticos ab inicio, este é um software de uso acadêmico livre, é muito robusto e rápido. Não possui interface própria.
http://classic.chem.msu.su/gran/gamess/index.html .
Ghemical 2.98 – é outro software livre com uma série de recursos (bastante didáticos), minimização de energias por campos de força, cálculos semi-empíricos (com MOPAC7) e ab inicio (Usando MPQC), cálculo de potenciais eletrotáticos entre outros, porem tende a consumir muito mais tempo de maquina que os demais o que o torno inviável para procedimentos mais exigentes.
http://www.uiowa.edu/~ghemical/